Os Segredos dos Samurais


A Lenda sobre a criação do Japão 


Conta uma lenda escrita no mais antigo livro do Japão o Kojiki, que no princípio do mundo o céu e a terra separaram-se e entre eles surgiu o 'Takama-no Hara' (Terra dos Deuses), e ali nasceram diversas divindades que passaram a habitar o território sagrado.

A terra ainda não estava solidificada mais parecia-se a um pantanal de lodo, onde cresciam arbustos e ervas daninhas. E em meio a tudo isso, nasceram outros deuses e entre eles o casal 'Izanagui e Izanami', criadores do arquipélago japonês.

Certo dia, Amatsugami (Deus do Céu) deu a 'Izanagui' uma arma enfeitada e confiou-lhe a tarefa de criar o Japão. Então, 'Izanagui' e sua esposa 'Izanami' dirigiram-se para a 'Ponte do Céu' e no meio dela pararam para observar a terra viscosa lá em baixo.

Logo Izanagui esticou o braço e enfiou sua arma sagrada dentro da lama remexendo-a. Quando retirou a arma caíram algumas gotas de lama da ponta, que logo cristalizaram-se em sal e por sua vez transformaram-se em uma ilha.

Vendo a ilha que acabaram de criar, 'Izanagui' e sua esposa 'Izanami' atravessaram a 'Ponte do Céu' e desceram aqui para a terra, onde fizeram um acordo entre si para criar novas ilhas, dando assim origem ao arquipélago japonês.



Arquitetura 



Todos sabemos que o Japão é uma das culturas mais modernas e globalizadas de hoje. Afinal, eles são a 2º economia mundial e mesmo com toda essa tecnologia, os japoneses valorizam, e muito sua cultura e costumes.
A arquitetura é um exemplo muito fácil de repararmos e muito fácil de observarmos nos desenhos. A arquitetura japonesa foi desenvolvida para superar as duras provas da natureza, já que no Japão, as fases do ano são muito bem definidas, com invernos muito rigorosos e com belos verões.
E estas técnicas tiveram de ser desenvolvida com o material simples e que o país tinha em abundância: madeira, bambu, terra e papel. E mostrar as construções é o primeiro passo para irmos conhecendo um pouco desta cultura.
Temos uma grande amostra disto nos animês de Miyazaki, que em temas universais como ecologia, dêem uma olhadinha em Princesa Mononoke ou Nausicaä, onde observamos construções e alguns hábitos "feudais" japoneses mesclados e um pouco modificados para se adaptarem as histórias. Podemos entrar dentro de casas orientais em desenhos como Meu Amigo Totoro, e ver muitos costumes.
Mas não precisamos ser tão clássicos para repararmos nisso. Em desenhos como Dragon Ball Z, Saber Marionete, Sailor Moon, InuYasha, Card Captor Sakura e muitas outras animações.


Geishas 



A palavra geisha significa artista; as primeiras geishas surgiram no continente nipônico, no final do período 'Edo' (século XVII). As geishas são mulheres educadas para entreter de diversas maneiras a um homem: sabem dança japonesa, tocam algum instrumento musical, cantam e atuam, além de terem etiqueta e serem extremamente femininas, etc.
    As mulheres geishas também possuem uma forte ligação com o teatro 'kabuki'; essa ligação remete a origem de ambos no período do feudalismo 'Edo'. Por essa razão existem inúmeros festivais teatrais pelo Japão realizados todos os anos, nos quais as geishas: dançam, cantam e atuam entre si.

Geishas e as casas de chá:
    A rotina de uma geisha é marcada pela sua atividade em algumas casas de chá, nesses estabelecimentos com seus espetáculos e mimos elas entretêm os fregueses. Sendo totalmente artístico o seu papel, as geishas são da mais alta estima na sociedade nipônica.
    Diferentes motivos levam a uma jovem a escolher o caminho de geisha, mas entre esses motivos, a inclinação para o mundo das artes tem um forte apelo.
    Mas, apesar do seu trabalho em 'casas de chá' e ambientes noturnos as geishas não são prostitutas, não se deitam com um homem por dinheiro. As mulheres, são denominadas 'yujo', e possuem outro comportamento totalmente diferente ao das geishas. As geishas podem ser subdivididas em dois grupos: 'Shiro-geishas': que entretêm e atuam para os clientes. E 'Kido-geishas': que tocam instrumentos musicais e cantam.
    Elas sempre tiveram um alto conceito social; no século XIX, as geishas eram consideradas musas sagradas, mulheres leais, de boa reputação e enorme generosidade. No conturbado 'período Meiji', as geishas protegiam seus amantes perseguidos pelo sistema político.

O clã das geishas:
    Em seu relacionamento mútuo, as geishas tratam-se entre si com grau de parentesco, que designa a sua hierarquia. Mas não se trata de uma relação apenas profissional, é uma tradição, na qual as mães, denominadas 'Osakaw' são as mulheres responsáveis pelas 'casas de chá'.
    As geishas trabalham nestes recintos, são consideradas filhas de 'Osakaw', e vivem como irmãs mais velhas e mais novas entre elas. O termo irmã mais nova, na sociedade geisha significa que a jovem é uma iniciante, e tem irmãs mais velhas, que já estão a mais tempo como geishas e como sendo mais experientes; essas irmãs mais velhas cuidam do aprendizado e deveres das mais novas.
    O ritual que celebra a união entre uma irmã mais nova e outra mais velha, na sociedade geisha, é o mesmo ritual das cerimônias de casamento, o 'Sansan-kudo', que tem por finalidade, ligar as pessoas entre si.
    Entre as geishas o sansan-kudo, consiste em compartilhar um copo de saque mutuamente, depois a irmã mais velha fica responsável pela tradição, ou seja, de ensinar a elegância e comportamento corretos de uma geisha para sua nova irmã.
    Estabelecendo-se assim uma forte relação entre ambas na qual a irmã mais velha além de ensinar, também é amiga e irmã.

Geishas contemporâneas:
    Desde as décadas de 20 e 30, com a forte influência do ocidente sobre a cultura japonesa, as geishas têm tentado adaptar-se a esse novo estilo. Mas, isso não foi aceito de bom grado pelos homens japoneses, que consideram essa mudança como uma perda de fascínio e tradição por parte das geishas.
    Atualmente as geishas vêm diminuindo pouco a pouco na sociedade japonesa, os costumes da vida contemporânea e a atual posição da mulher na sociedade moderna, contribuíram muito para isso. E no Japão existe um ditado que diz: "A cultura tradicional desaparece, a medida que as geishas somem".
    Esperemos que essas belas e doces mulheres símbolos do companheirismo e da verdadeira alma feminina, não desapareçam por completo. Pois, seria uma perda irremediável não só para o Japão mais também para o mundo.



Geografia 



Japão, um conjunto de ilhas com formato de arco que estende-se entre as latitudes 20 25' e 45 33' norte, e longitudes 122 56' e 153 59' leste ; localizando -se a leste do continente Asiático , entre o mar do Japão e o oceano Pacífico. O Japão possui uma área total de 380.000 km2.
    Localizado dentro de uma zona neurogência (de formação montanhosa) do Pacífico, formada como resultado da atividade de mutação ocorrida no final da Era Mesozóica e na Era Cenozóica. Assim sendo, o Japão está constantemente sujeito a respectivos movimentos da crosta terrestre, ocasionado pelas atividades sísmicas e vulcânicas.
    Cerca de 76% da superfície territorial do Japão é montanhosa e marcada por colinas. Esta estrutura geográfica ocorre devido às falhas que dividem a maior parte do Japão como um mosaico, de forma que a terra ao longo dessas falhas continua ainda hoje a sofrer movimentos sísmicos.
    Esses movimentos sísmicos atualmente totalizam menos de uns poucos milímetros por ano; Mas, durante os 2.000.000 de anos do período Quaternário terrestre as montanhas do território japonês elevaram-se até 1.500 m. E devido ao fato da força de elevação ser superior ao total da erosão, as montanhas nas cadeias de 'Hida', 'Asaishi' e 'kiso' elevaran-se há mais de 3.000m de altitude.
    Atualmente ainda são visíveis os círculos formados entre as montanhas e os vales escavados pelas geleiras durante a Idade do gelo. A erosão ocasionada pelas chuvas torrenciais no final da idade do gelo foi responsável pelos vales, que deram a essas cordilheiras sua aparência acidentadas. A natureza acidentada dessa cadeia de montanhas e sua semelhança com os Alpes europeus, fizeram com que elas fossem denominadas de Alpes japoneses.

Os vulcões:
    O Japão possui 67 vulcões entre ativos e latentes, muitos deles com bases de encostas e pouca inclinação como o incomparável Monte Fuji; eles representam um acentuado contraste com o cenário montanhoso primitivo dos Alpes japoneses. Os vulcões Asama, Hihara, Aso e o Sakurajima ainda são particularmente ativos.
    Mas o vulcão Monte Sakurajima, tem entrado em erupção continuamente desde 1959, cobrindo com freqüência a cidade de Kagoshima com suas cinzas. A erupção em novembro de 1986 do vulcão Monte Mihara, localizado na ilha de Oshima, a cerca de 100 km ao sul de Tóquio, forçou uma evacuação temporária do local.
    E a mais alta montanha do Japão, o Monte Fuji (3.776m acima do nível do mar) também é um vulcão ainda jovem do ponto de vista geológico, que embora estando dormente seja considerado capaz de entrar em erupção.

Terremotos:
    O Japão está localizado numa área caracterizada por freqüêntes atividades de terremotos, mesmo se comparada com o cinturão de terremotos Pan-Pacíficos, a área do território japonês responde por cerca de um décimo da liberação anual de energia sísmica em todo o mundo. Tremores que registram até 8 pontos na 'Escala Richter' de magnitude ocorrem a maioria das vezes no leito oceânico ao largo da costa do Pacífico, mas ocasionalmente atingem o interior do Japão , como o famoso caso do terremoto de Nobi, ocorrido no ano de 1891.
    Os japoneses acreditam que a localização mais provável de um grande terremoto futuro, seria o leito oceânico nas vizinhanças da baía de Suruga, e um grande sistema de coleta de dados já foi instalado na região, numa tentativa de prever o tremor.
    Mas na realidade a ocorrência de terremotos de magnitude entre 6 e 7 pontos da 'Escala Richter' é possível em qualquer ponto do Japão. Além disso, os grandes terremotos no leito oceânico ocasionaram na maioria das vezes, os Tsumani (ondas de marés), que causam sérios danos a áreas costeiras japonesas, devido a sua altitude que varia entre 20 e 30m e sua fúria mortal. O Japão está constantemente passando por mudanças seja por causa das atividades vulcânicas ou sismológicas ou devido à erosão e a sedimentação provocadas pelo alto índice pluviométrico.

O inverno japonês:
    O inverno é governado pelas mais frias massa de ar do mundo, a massa de ar da Sibéria, como resultado o Japão experimenta ocasionalmente temperaturas muito mais baixas que as ocorridas nas áreas de mesma altitude da Europa.
    Em Asahikawa e Hokkaido, por exemplo, a temperatura já caiu até 41graus abaixo de zero; e a média de temperatura no mês de Janeiro é de 8 graus e meio abaixo de zero, quase a mesma registrada na cidade de Moscou. Na cidade de Tóquio que situa-se na latitude 35, a média de temperatura é de 4,7 graus positivos , em comparação com Londes que registra uma temperatura de 4,2 graus positivos embora esteja situada na latitude 51.
    O inverno traz a neve ao território japonês; ventos suzonais gelados sopram do oeste, trazidos pela zona de alta pressão da Sibéria, em direção à zona de baixa pressão existente sobre o mar ao longo da parte oeste de Hokkaido. Este vento seco aspira vapor de água enquanto cruza o mar do Japão e torna-se uma corrente de ar úmida e instável carregada de nuvens de neve.
    A medida que elevam-se sobre as cadeias de montanhas do Japão , estas nuvens tornam-se ainda mais espessas, causando a queda de grandes quantidades de neve na costa do Japão. Quando isto é completado pela fusão com uma corrente de ar frio do Ártico, uma quantidade ainda maior de nuvens de neve é produzida, sendo possível a precipitação de até 2m de neve num período de 24hs na região de Hokuriku. Em alguns invernos japoneses já foi registrada a queda de até 20m de neve.
    A cidade de Joitsu, na província de Niigata com uma população de 130.000 habitantes, registrou a queda de 324 cm de neve em Janeiro de 1986 (quantidade suficiente para cobrir um prédio de um andar). Considerando-se que o Japão situa-se na zona temperada do globo, a quantidade de neve que cai no país é muito grande.
    Mesmo enquanto está nevando sobre o lado do país que fica diante do mar do Japão, o céu geralmente está limpo do lado do Pacífico e é comum que o tempo no inverno seja muito bom, particularmente na região de Kanto, que corresponde a Tóquio.
    Quando uma advertência sobre a queda de grande quantidade de neve é divulgada na região Hokuriku, geralmente é feita uma advertência simultânea prevendo tempo seco em Kanto.
    Uma pessoa pode pegar o 'Joetsu Shinkansen' (trem bala) com o tempo seco e ensolarado em Tóquio e dentro de 2 horas chegar a uma estação de esqui, onde neva forte a ponto de acumular-se de 2 a 4m de neve sobre o chão. O lado do Pacífico japonês tem seus períodos ocasionais de queda de neve, ocasionados pelos ciclones extra tropicais que se movem no sentido leste-sul do território japonês.

    As temperaturas atingem seu ponto mais baixo entre meados de Janeiro e início de Fevereiro. A mudança ocorrida com a chegada de temperaturas mais quentes começa por volta da época do equinócio da primavera, correspondente a segunda quinzena do mês de Março.
O verão no Japão:
    O verão é regido pela massa de ar mais quente do mundo, a massa de ar do Pacífico norte e é uma estação tão quente e úmida quanto a existente nos trópicos. Em Tóquio durante o verão de 1987 foram registradas cerca de 29 noites de temperatura média de 25 graus. A temperatura mais alta já registrada na cidade de Tóquio foi de 38,7 graus; e a temperatura mais alta já registrada no Japão foi de 40,8 graus na cidade de Gamagata.
    O clima de verão no Japão é influenciado pela zona de alta pressão do Pacífico norte, de forma que ao mesmo tempo em que é muito úmido pode, ser marcado por períodos contínuos de sol relativamente sem chuva.

Os tufões:
    Áreas tropicais de baixa pressão (ciclones tropicais) são geradas na região tropical setentrional do oceano Pacífico. Dos trinta ciclones gerados nesta região a cada ano, por volta de quatro movem-se em direção ao norte atingindo o arquipélago japonês.
    Eles são chamados de "Taifu", no idioma japonês, onde deriva a palavra 'tufão? do português. Os tufões são as mais numerosas das áreas tropicais de baixa pressão e podem ter uma força bastante grande.
    Dentro do "olho" localizado no centro do tufão, a pressão pode cair abaixo de 900mb e os ventos nas imediações do "olho" são capazes de atingir 60m por segundo. Os tufões atingem o Japão entre Junho e Outubro, sendo que os meses de Agosto e Setembro são considerados como a 'estação dos tufões'.
    Quando um tufão aproxima-se espessas nuvens conhecidas como stratus são formadas e caem chuvas fortes e ininterruptas que se transforma num temporal à medida que o tufão vem chegando. Os ventos também aumentam em velocidade atingindo rajadas próximas a 25m por segundo. No mar colunas de água formam-se em torno do olho do tufão, elevando-se de 3 a 4m de altura.

As águas que cercam o país:
    A maior massa de água do mundo o Oceano Pacífico, banha as partes leste e sul do Japão. O Pacífico possui várias correntes importantes, uma das mais conhecidas é a 'Corrente do Japão', que banha a costa sul do país.
    Como a corrente do Pacífico Norte ela é quente e flui num ritmo de cerca de 50 milhões de toneladas por segundo, sua temperatura é alta e nas ilhas ao sul do território japonês jamais cai abaixo de 20 graus, mesmo durante o inverno; permitindo com isso o crescimento de recifes e corais.
    Em realidade a grande quantidade de água quente nesta enorme corrente marítima, ajuda a aquecer o clima japonês. Esta corrente marítima tem um aspecto escuro que originou o seu nome popular de "kuroshio" que significa 'Maré Negra', essa característica significa também que a corrente marítima apresenta baixa concentração de nutrientes, embora ela garanta o sustento de peixes de água quente como o atum e o bonito.
    A água fria da corrente de Chishima dos mares de Bering e Okhotsk banha a costa que estende -se desde Hokkaido até a costa de Sanriku, esfriando a água nesses locais durante o verão. Rica em plâncton esta corrente marítima tem uma coloração esverdeada e barrenta, dando origem ao nome popular de "Oyashio" que significa 'maré progenitora'.
    Esta corrente marítima é um rico habitat para peixes de água fria como o salmão, a truta e o bacalhau. Outra importante corrente marítima com características semelhantes à da corrente marítima do Japão é a corrente de Tsushima, que flui em direção ao mar do Japão.

A vegetação:
    O Japão é um país repleto de florestas, aproximadamente 57% do seu território é coberto por árvores; fontes valiosas de materiais de construção e polpa. Devido ao fato do território japonês incluir regiões pertencentes às zonas subtropicais temperada, fria e possuir água em abundância, os muitos e diversos tipos de vegetação crescem espontaneamente nas várias regiões do país. Pântanos e mangues podem ser encontrados nas costas das ilhas meridionais pertencentes à zona subtropical em Okinawa, mangueiras e abacaxis vicejam próximos aos coloridos peixes que nadam entre florescentes recifes de corais.
    Em Kyushu, Shikoku e no sul de Honshu existem florestas de folhas brilhantes com carvalhos semelhantes às coníferas de folhas largas e chincapins; enquanto que no norte de Honshu as florestas da 'zona temperada' são ricas em árvores raras como a faia e o bordo. E mais ao norte as florestas da zona fria de Hokkaido, apresentam uma mistura de árvores com folhas em forma de agulhas como os pinheiros.

Além das fronteiras da natureza:
    O Japão tem sido desde há muito tempo atrás, atingido por calamidades da natureza. No grande terremoto ocorrido em Kanto no ano de 1923, cerca de 100.000 pessoas morreram. Quando o vulcão Sakurajima entrou em erupção no ano de 1914, a lava cobriu a pequena vila que estava situada nas suas encostas causando 62 mortes. As grandes marés e ondas durante o tufão na baía de Isc em 1959 mataram 5.000 pessoas, enquanto que as fortes chuvas de 1982 provocaram um deslizamento de terra que causou a morte de 300 residentes em Nagasaki.
    Vulcões, terremotos, tufões e a concentração alta de chuvas e tempestades são ocorrências da vida, sobre as quais os japoneses têm pouco controle. Por essa razão uma das maiores preocupações do país é enfrentar de maneira efetiva tais desastres.
    Métodos e técnicas estão sendo desenvolvidos para prever com sucesso erupções vulcânicas e grandes terremotos, e para salvar vidas através da remoção das pessoas a tempo dos locais a serem atingidos por tais catástrofes.
    O aperfeiçoamento na construção de prédios enfatizando técnicas contra incêndios e terremotos está sendo promovido, para que os possíveis danos sejam os menores possíveis. Formas estão sendo pesquisadas para evitar inundações e avalanches de lama, através da construção de barragens, barreiras de terras, etc...
    Privilegiado pela mãe natureza por suas belezas naturais, o Japão está determinado a promover e aperfeiçoar os benefícios existentes no país. Mas a nação está igualmente determinada a superar e controlar o máximo possível a terrível ira da também mãe natureza, fazendo disso um assunto de 'importância nacional'.



Hashi
Os populares palitinhos usados pelos japoneses na hora de comer 
Você pode pensar que é difícil usar o hashi, os famosos "pauzinhos" utilizados como talher praticamente em todo Extremo Oriente. Bem, isso significa que eles são utilizados por mais da metade da população do mundo. Com um pouco de prática, você também pode chegar lá. Veja:

1. Primeiro, mantenha fixo qualquer um dos "pauzinhos" entre o polegar e o dedo indicador.

2. Agora, pegue o outro e segure entre o dedo indicador e o médio. Com a prática, você consegue mantê-lo alinhado com o outro.

3. Lembre-se: você move apenas o de cima, o segundo, que está entre o polegar e o indicador, permanece fixo.



Inkan 
Uma assinatura diferente! 
Para você que já teve a oportunidade de ver algum desenho original japonês ou alguma obra de arte japonesa em algum museu, com certeza notou que ao invés da assinatura do artista, tem um pequeno carimbo, normalmente redondo, com tinta avermelhada no canto direito da pintura. Este carimbo é o inkan, que também é comumente chamado de hanko.

Qualquer pessoa no Japão tem um inkan e ele é usado para substituir a assinatura e normalmente traz o nome da família. As pessoas que trabalham e tem obrigações, normalmente têm mais de um Inkan, sendo que um deles é muito especial. Este inkan especial é chamado de jitsu-in. Para se fazer este carimbo temos que passar por uma série de burocracias, para que no final o carimbo seja registrado oficialmente na prefeitura.

Ele deve ser utilizado quando vamos fazer coisas importantes, como comprar um carro ou uma casa, retirar ou depositar dinheiro em um banco, entrar em uma faculdade... Este carimbo só é feito sobre encomenda por artesões especializados e são caros, já que não pode haver um carimbo igual ao outro, afinal serve como uma assinatura, por isso a importância do registro na prefeitura. Ele segue padrões de tamanho, material de que é feito e formato. Qualquer um pode ter um jitsu-in, até mesmo os estrangeiros. Para quem sonha em fazer faculdade no Japão, um carimbo destes é pré-requisito para ingressar na faculdade. Quer fazer um? Então vá até um consulado japonês e se informe.

Mas você não usa o jitsu-in a todo momento. Para o dia-a-dia, usamos um outro tipo de inkan, o mitome-in ou sanmon-ban. Este carimbo é bem comum, normalmente usado para aprovar memorando ou outros documentos com menos importância. Este carimbo pode ser comparado ao visto que os professores dão em prova ou em trabalhos escolares ou o visto que seus pais têm que dar em bilhetes de escola ou quando fazemos uma carta para um amigo assinamos com este carimbo. Como ele é muito comum, pode ser encontrado em qualquer papelaria, é bem em conta.



Kabuki - A Arte Teatral Japonesa 



Uma das formas mais representativas das artes teatrais japonesas chama-se 'kabuki'. Seu início remonta o final do século XVI e através de um gradativo aperfeiçoamento extensivo e contínuo chegou ao atual estado de refinamento clássico. Embora não podendo se comparar ao esplendor de antanho, o teatro 'kabuki' goza de uma ampla popularidade no seio do povo, levando ainda nos dias de hoje, um invejável púplico a seus espetáculos.
Durante o períodonormalmente chamado de 'Era Yedo', no curso do qual teve lugar o desenvolvimento o 'kabuki' foi observada com mais rigidez a distinção entre a casta guerreira e a plebe, do que nos outros tempos da história japonesa.
Os mercadores daquela época cultivaram os costumes da arte do 'kabuki', tornando-se assim cada vez mais fortes sob o ponto de vista ecônomico, mas mesmo assim tiveram que continuar em posições de inferioridade social, porque pertenciam à classe plebéia. No ponto de vista deles, o 'kabuki' foi, porventura, como meio artístico, a mais importante e significante maneira para manifestar suas emoções sujeitas a tais condições sociais. Assim sendo, os temas do teatro 'kabuki' variavam entre os conflitos da humanidade e o sistema feudal.
Graças a principalmente esta qualidade humanística, o teatro conquistou uma popularidade tão grande e tão duradoura que em geral daquela época até os dias de hoje se mantém e permanece com glórias e qualidades que nunca sairão de cena e encerrarão o espetáculo.
O sentido etimolígico da palavra 'kabuki' é oblíquo. Posteriormente, chegou a ser usada para indicar qualquer inclinação acentuada para certos gostos. O que se conhecia de drama 'kabuki' era a sua forma mais antiga, ou seja, uma espécie de rápido dramalhão em que os principais personagens eram cantores e dançarinas.
Para a época, um espetáculo desses supostamente teria uma dose excessiva de enfática sensualidade em suas arrojadas representações e danças, daí o público lhe ter dado o nome de dança 'kabuki'. É conveniente recordar que este espírito 'kabuki', em seu sentido original, "excêntrico", desenpenhou um papel essencial como uma subcorrente sempre importante através do desenvolvimento da arte dramática do 'kabuki'.
A única característica da arte 'kabuki', e talvez a mais significativana conservasão do invulgar espírito 'kabuki', é o fato de que não utiliza absolutamente, qualquer atriz, ou seja, todos os papéis femininos são representados por elementos masculinos chamados 'onnagata'. Como foi mencionado acima, os atores do drama 'kabuki', em seu estado primitivo, eram principalmente mulheres, e a maioria dos espectadores naquela época estava realmente mais interessada na beleza das atrizes, do que suas representações no palco.
Com a grande popularidade do teatro 'kabuki', as artizes começaram a despertar a atenção indevida do público masculino. As autoridades compreenderam que tal situação resultaria em uma séria desmoralização do público para com o teatro, então em 1629 foi oficialmente proibida a apresentação de mulheres em palcos teatrais.
Por outro lado, como o 'kabuki' já conquistara seu espaço definitivo no seio da população como uma forma de arte, os atores masculinos imediatamente assumiram os papéis femininos tendo continuado até os dias de hoje. Com proibição de atrizes que durou virtualmente cerca de 250 anos, o 'kabuki' se desenvolveu e levou à perfeição a arte de 'onnagata'. Ao final desse episódio quando houve a suspensão dessa interdição, já não havia mais lugar para as atrizes no 'kabuki'. Por demais, a arte de 'onnagata' se tornou fundamental e essencial no 'kabuki', que se o espetáculo fosse privado desse elemento, a sua tradicional qualidade estaria perdida para sempre.
A palavra 'kabuki' como arte teatral é exprimida habitualmente em três caracteres chineses, ka, bu, ki, significando respectivamente dançar, cantar e representar. Estes caracteres são equivalentes fonéticos aplicados posteriormente à palavra original japonesa, e são uma adequada descriçao da arte 'kabuki', visto que, por sua vez tendo origem dramática, é mais bem definida como uma arte teatral totalmente composta de elementos musicais e dançarinos.
Outra grande característica do 'kabuki', que teve sua origem por volta do século XVI é sua tendência de teatro extenso e acumulativo, ou seja, ele reune parte de todas as formas teatrais existentes anteriormente no Japão.
Entre as partes tradicionais das quais o 'kabuki' extraiu técnica e repertório, encontram-se o drama 'Noh' e a peça 'Kyogen', que é o interlúdio cômico apresentado entre as representações de 'Noh'. Nos dias de hoje, o número de japoneses que apreciam o 'kabuki' e muito maior que os fãs de 'Noh', mas as representações de 'kabuki' adaptadas do 'Noh' ou inspiradas por este, gozam de grande popularidade, constituindo uma parte essencial do repertóriocompleto do 'kabuki'.
Outra fonte da qual o 'kabuki' tomou emprestado grandes repertórios, foi o teatro de marionetes freqüentemente chamado de 'bunraku', cujo o desenvolvimento iguala-se mais ou menos ao do 'kabuki' ao mesmo tempo inicial. Em 'kabuki', a importância primordial tem sido colocada no ator antes que em quaisquer outros aspectos de arte, como seja por exemplo, o valor literário de uma peça.
Durante o início do século XVII, alguns grandes escritores inclusive Monzaemon Chikamatsu, denominado de "Sheakespeare do Japão", deixaram o 'kabuki' com o domínio de seus atores e voltaram ao teatro de marionetes onde seu gênio criador era mais ou menos ilimitado. Como resultado disso, surgiu uma época em que o 'bunraku' sobrepujaram os atores e o teatro de marionetes tornou-se mais popular que o 'kabuki'. Para retomar a frente e vencer essa batalha teatral, o 'kabuki' abusou mais uma vez de sua qualidade acumulativa e adotou virtualmente todas as peças teatrias de marionetes, assim sendo, nos dias de hoje, mais da metade das representações convencionais de 'kabuki', com exceção de um grupo de dramas dançantes, são de origem 'bunraku'. O derradeiro exemplo do 'kabuki', na sua avidez de tudo abraçar, veio ao final do século XIX, quando foi adicionado a esta a esta arte um elemento de realismo literário.
Até a aparição do 'kabuki', o povo japonês nunca havia visto teatro de tanto colorido, fascinação, excitação e extraodinário. Nestas condições, talvez nenhum teatro no mundo poderá superar o drama 'kabuki'.
  
Interpretação do teatro de 'kabuki':
O teatro 'kabuki', revela-se de forma mais efetiva na interpretação, mesmo tendo a beleza "formalizada" constituindo um dos princípios estéticos nos quais apoia-se, o mais importante aspecto de 'kabuki' prepara um papel numa peça clássica, é costume começar a estudar o estilo-modelo aperfeiçoado por seus antecessores. Semelhante estilo-modelo, embora fosse feito originalmente para produzir uma representaçao realística, tem sido muito formalizado, tornando-se simbólico no decurso do desenvolvimento de 'kabuki'. Assim, mesmo na peça realística de 'kabuki', os mais insignificantes gestos estão freqüentemente mais próximos da "dança" do que da "ação", ou seja, todos os movimentos são acompanhados de música.
São notados muitos casos em que a simbolização é levada ao ponto de abstração, de tal sorte que a ação formalizada do personagem não é mais relevante, e chega mesmo a entrar em conflito direto com qualquer interpretação racional do papel.
Para atingir este príncipio de beleza formalizada, dentro deste universo teatral, uma técnica especial 'kabuki' foi desenvolvida e batizada de 'Mie', e é importantíssima e fundamental. Ela é usada em certos momentos culminantes  ou ao final de uma representação clássica pelo principal ator, que num certo momento, como numa pintura, congela sua própria imagem, olhando fixamente e cruzando seus olhos. Este único tipo de ação é um exemplo da tendência do 'Kabuki', para por ênfase máxima na beleza estatuária.
A formalização também é característica do aspecto vocal da ação do 'kabuki'. Mesmo na peça essencialmente realística e doméstica, a norma de falar não é natural, caracterizando-se por uma elocução idealizada. Assim os esboços em peças de 'kabuki', especialmente os monólogos longos, possuem uma cadência fascinante, um meio caminho entre o canto e a conversa comum. Tal circunstância é ainda mais real quando, como se ocorre muitas vezes, os diálogos e os monólogos são recitados com acompanhamento de música. Tudo isso faz com que a ação coincidente no palco se tome ainda mais rítmica, e o movimento pareça uma forma modificada de dança.

Arranjo de cor no Kabuki:
A beleza espetacular constitui outra característica fundamental do drama 'Kabuki'. Na verdade, o cenário, o vestuário, e a maquilagem no 'kabuki', são mundialmente conhecidos, por profissionais da área como sendo os mais pródigos e extravagantes do mundo. Pode-se dizer que até certo ponto a popularidade do 'kabuki' é causada por sua beleza pictórica. O público assiste a esse maravilhoso espetáculo que constitui o seu imponente  e rico arranjo de cores , que se desenrola diante de seus olhos, mesmo quando não está convencido da história.

Elementos sonoros:
Como foi dito anteriormente, a música é uma parte fundamental da arte do 'Kabuki'. Embora sejam usados vários tipos de instrumentos, tanto para acompanhamento de cantos como para execução independente, o principal deles é 'Shamisen', instrumento de três cordas, tipo balalaika, tocado com uma palheta. Por esta razão todo o corpo musical associado ao 'kabuki' é considerado como a música de 'Shamisen'.
Numa peça histórica ou doméstica, à medida que a cortina se abre, a música inicia os seus acordes dado cor mais cor e vida a atmosfera inanimada do palco. Os músicos se acham ocultos da assistência no canto esquerdo do palco. A música serve como "motivo condutor" do espetáculo; dá a deixa para a entrada do ator; e com seu acompanhamente, o ator conduz o diálogo e a interpretação. No caso do drama dançante, os músicos aparecem diante do público e a música aparece de forma mais dominante.
A música 'kabuki' é classificada em cerca de 12 categorias, segundo várias escolas. Entre estas, as que são usadas mais freqüentemente na atualidade são: Nagauta, Tokiwazu, Kiyomoto, Gidaiyu, a qual é sempre utilizada num drama adaptado do teatro de marionetes.
Além de música própria, há muitos gêneros de efeitos especiais (instrumentos para efeitos auditivos) empregados em espetáculos do 'kabuki'. O mais típico deles é o toque de matracas assinalando a abertura e o fim do espetáculo. E repetido em compassos rítmicos, separando as notas. As matracas também são usadas como um dos instrumentos musicais de percussão durante o espetáculo.

Teatro e palco para a representação do 'kabuki':
Hoje em dia os teatros 'kabuki' são constuidos, sem exceção, ao estilo ocidental, no que diz respeito à construção, facilidades de encenação e equipamentos. Com tudo, conservaram muitas das grandes feições tradicionais do teatro 'kabuki', tais como "Hanamichi" e "Mawaributai".

Hanamichi, ou rampa de passo-florido: É uma passagem ligando o lado esquerdo do palco com o fundo da sala, através dos assentos dos espectadores e à altura do nível de suas cabeças. Proporciona um caminho para uma entrada e saída dos atores além das passagens disponíveis em ambas alas do palco. "Hanamichi", contudo, serve não somente como caminho, mas também constitui uma parte do palco. Os atores ao entrar ou sair por esta rampa, oferecem muitas vezes uma das mais importantes cenas de sua representação.

Mawari-butai, ou palco giratório: Este, por sua vez, foi inventado no Japão há quase 300 anos, sendo mais tarde introduzido no exterior. Faz mudanças rápidas de cena sem interromper a seqüência do enredo.

Outros aspectos: A parte frontal do palco 'kabuki' é mais baixo e muito mais espaçoso do que a dos teatros americanos e europeus. O palco tem aspectos de um longo retângulo ao invés da forma quase quadrada dos teatros comuns, as cortinas nos teatros 'kabuki' consistem de panos de algodão, de cor vermelho-castanho, preto e verde, e não são levantadas como nos teatros ocidentais, mas puxadas para o lado.

Kimigayo - O Hino Japonês 



As letras do Kimigayo pertencem a um antigo poema Waka (poesia de 31 sílabas do século X) e era uma celebração da longevidade de idosos e autoridades. Originalmente foi composto da seguinte forma:
Waka ga kimi wa Chiyo ni yachiyo ni Sazare ishi no Iwao to Nari te Koke no musu made
No Período Heian (905 d.C) a canção foi publicada no sétimo volume do Kokinwakashu, primeiro livro de canções japonesas. Em 1013 d.C a canção sofreu pequenas mudanças em seu primeiro parágrafo, tendo tais mudanças publicadas pela primeira vez no livro de canções Wakanroeishu, e ficou assim:
Kimiga yo wa Chiyo ni yachiyo ni Sazare ishi no Iwao to Nari te Koke no musu made
Durante o Período Meiji o hino tornou-se uma música de louvor ao Imperador, na época imperadores eram considerados como deuses, descendentes dos mais poderosos seres do universo. A música dessa letra foi composta em 1870, quando o Japão realmente julgou necessário a criação de um hino; logo depois, durante seis anos a canção foi abolida e substituída, voltando novamente em 1893 quando finalmente foi decretada como o hino nacional japonês. Depois da Segunda Guerra Mundial aconteceram algumas tentativas frustradas de substituir o hino, alegando que o mesmo não era democrático. Mas hoje em dia, o Kimigayo é considerado um hino de louvor ao Japão.
Kimi ga yo wa, Chiyo ni yachiyo ni
Sazare ishi no, Iwao to nari te
Koke no musu made.


"Que a monarquia do Imperador dure
por milhares e milhares de gerações,
Até que o pedregulho se torne um rochedo
E os musgos venham a cobri-lo."

Miyamoto Musashi 
Saiba mais sobre a vida desse lendário samurai 
Shimen Musashi No Kami Fujiwara No Genshin nasceu em 1584, em Minasaka, e ficou conhecido como Miyamoto Musashi, que viria a ser o samurai mais famoso de todos os tempos. Pouco se sabe sobre a infância de Musashi. Fontes afirmam que ficou órfão cedo, sendo supostamente criado por um tio, que era monge.

Sabe-se que seu pai, Shimen Munisai, era um mestre no uso daJitte, uma arma utilizada para desarmar a espada. Muitos acreditam que foi de seu pai que Musashi recebeu as primeiras lições no caminho da espada.

Desde criança mostrava que tinha habilidades além do normal, além de um físico bem desenvolvido. Seu primeiro duelo foi aos treze anos, quando derrotou Arima Kihei, do estilo Shinto Ryu. Kihei já era adulto, e tinha grande destreza com a espada e com a lança. Mesmo assim, não foi páreo para o jovem Musashi, que após derrubá-lo, impediu que se levantasse, golpeando sua cabeça com um boken.

Aos dezesseis anos, partiu em uma peregrinação guerreira, que visava aumentar sua habilidade como espadachim e sua compreensão do mundo.

Musashi teria participado da histórica batalha de Sekigahara, a batalha derradeira na reunificação do Japão feudal, que deu aTokugawa Ieasu o título de Shogun, o governante militar.

Aos 21 anos, Musashi foi para Kyoto, onde se confrontou com a família Yoshioka detentora de uma grande academia, que contava com muitos alunos e admiradores na região.

Após derrotar Yoshioka Seijuro e Yoshioka Dechinjiro, filhos deYoshioka Kempo, os seguidores de Yoshioka Kempo organizaram uma batalha entre Musashi e o filho de Yoshioka Seijuro, um garoto de 12 anos. Ficou combinado que devido a pouca idade do adversário, o garoto teria a ajuda de alunos e familiares dos Yoshioka.

No duelo, Musashi surpreendeu a todos, matando o garoto e fugindo vitorioso, levando consigo a vida de todos os inimigos que entraram em seu caminho. A fama de Musashi se espalhou pelo país, sempre ligada a feitos incríveis.

No mesmo ano dos duelos com os YoshiokaMusashi esteve no templo Hozoin, famoso por possuir um estilo de luta com lanças muito eficiente. Musashi lutou com o patriarca do estilo, e após vencê-lo duas vezes, tornou-se seu amigo, permanecendo no templo por algum tempo, treinando com monges.

O duelo mais controverso de Musashi ocorreu contra Muso Gonosuke, com quem Musashi confronta duas vezes. Na primeira,Gonosuke, utilizou uma longa espada e foi derrotado por Musashi. Após a derrota, Gonosuke se isolou e desenvolveu uma nova técnica, utilizando o Jo, um bastão de madeira. Em um novo duelo, Gonosuketeria vencido Musashi, embora nenhum deles tenha jamais admitido a vitória, talvez em virtude da grande amizade que surgiu entre os dois guerreiros. O estilo criado por Muso Gonosuke faz parte do currículo de Jojutsu.

Em 1612 Musashi enfrentou seu maior adversário, Sasaki Kojiro. O duelo ocorreu na ilha FunashimaMusashi usou uma estratégia nada ortodoxa. Chegou horas atrasado, fazendo com que seu adversário perdesse sua paciência e energia esperando-o. Enquanto Kojiro usou uma espada longa, Musashi lutou usando uma espada de madeira feita com um remo, que encontrou no caminho. Musashi venceu a luta golpeando Kojiro na cabeça. Conta-se que o golpe de Kojiropassou tão perto de Musashi que até cortou a faixa que ele usava para prender os cabelos.

Durante o cerco ao castelo de Osaka, em 1614 e 1615, não está claro de qual lado Musashi lutou, do lado de Tokugawa, o Shogun, ou de Hideori, o herdeiro de Hideoshi, o antigo Shogun. Pesquisas recentes mostram que ele possivelmente lutou ao lado de Hideori, o derrotado, mas talvez nunca se descubra ao certo qual exército contou com a ajuda de Musashi.

Aos 50 anos, Musashi conta ter compreendido o caminho da estratégia completamente. Nos anos finais de sua vida, Musashi se dedicou à pintura e à poesia. Ele compreendeu que "quando se atinge o caminho da estratégia, não haverá mais nada que não se possa compreender, e se verá o caminho em tudo".

No final de sua vida tornou-se vassalo do clã Hosokawa, vivendo no castelo Kumamoto. Dois anos antes de morrer, Musashi se isolou na caverna Reigando. Lá escreveu o Go Rin No Sho, o Livro Dos Cinco Círculos, onde compilou seus conhecimentos nas arte das espada e da estratégia. Esta obra é até hoje usada por executivos de grandes empresas no Japão para traçar estratégias de mercado e ética nos negócios. Seu estilo foi chamado de Niten Ichi Ryu.



Os segredos dos Samurais 


Origens:
A origem do nome samurai vem do verbo 'saburau' (servir, seguir o senhor). Segundo o professor Rizo Takeuchi em sua obra "Nihon Shoki" (crônicas do Japão), um dos livros mais antigos do país datado de 720 d.C. existem referências de samurais como "saburai-bito" (pessoa que serve o patrão). No início do período Heian (794-1192) , designava-se por 'saburai' aquele que servisse o palácio da imperatriz, das concubinas do soberano ou príncipes regentes da corte. Nessa época já havia uma hierarquia dentro do palácio para com os 'saburais' , que encaixavam-se acima dos criados e outros servidores comuns.Mas, o saburai ainda não exercia funções militares, sendo assim era apenas um serviçal comum que não pertencia a nenhuma classe casta e nem era considerado funcionário militar ou do governo. Não existiam na corte funcionários encarregados de tarefas civis ou militares, ou seja, civis podiam ocupar cargos de comando militar e vice-versa.
    As raízes do samurai, ou indo mais a fundo, de seu espírito, podem ser encontradas segundo os historiadores , em épocas bem mais remotas. Entre os objetos encontrados nos famosos túmulos (kofun), datados entre o século IV , são comuns encontrar armas e outros aparatos de guerra dos mais variados tipos : espadas, lanças, escudos, armaduras, capacetes, flechas e arcos.
    Isso mostra que existiam guerreiros fortemente armados e prontos para a luta, mesmo antes do aparecimento de registros históricos do país, como o 'kanji' (escrita chinesa, só introduzida no século VI no arquipélago nipônico). Nos primeiros séculos da era cristã, foi formando-se o estado Yamato, resultante de muitas lutas e derramamento de sangue entre os grupos tribais e clãs.
Os samurais e as primeiras batalhas:
    A partir do século XI, com as freqüentes rivalidades entre os governadores das provinciais de um lado e os proprietários locais de 'shôen' e 'myôshu' de outro; os proprietários residentes nas suas próprias terras, buscaram apoio dos grandes fidalgos da cidade, os Fujiwara, que tinham o poder de nomear e demitir governadores.
    Os 'shôen' procuraram e obtiveram o direito de recusa da interferência oficial em seus assuntos administrativos e fiscais; mas, essa autonomia dependia de cargos dos altos funcionários (aristocratas) e do próprio governo central, o que constituía uma grave contradição do sistema.
    Tudo isso só resolveu-se com o fortalecimento do caráter autônomo dos administradores de 'shôen' e também dos 'myôshu', que foram subindo em importância e tornaran-se aos poucos os efetivos organizadores, mentores da produção de 'shôen' e líderes dos lavradores. Não demorou muito e tornaram-se samurais, embora ainda por por muito tempo mantiveram-se no cultivo da terra. Verificou-se um desenvolvimento do poder econômico e político dos administradores de 'shôen' e 'Myôshu'.
    Os mais poderosos organizaram milícias e travaram grandes lutas junto aos governos provinciais ou até entre si mesmo, apenas com a finalidade de conseguirem terras ou influências. Transformando-se em samurais fortaleceram a união de seu clã, ensinando os lavradores por eles liderados os 'myôshu' e outros a se armar e também a preparar-se militarmente , organizando-se ao lado do pessoal de seu clã 'ie-no-ko'.
    Esses elementos no comando de suas forças, evoluíram inicialmente para senhores de uma área mais ou menos limitada, depois para uma ampla região quando eram bem sucedidos em suas disputas e os samurais surgiram não somente do 'shôen' e outras terras particulares, como também dos territórios administrados por governadores provinciais. Isso se deveu a grande autonomia dos 'shôen', que fugiam ao controle oficial.
    As terras públicas restantes transformaram-se numa espécie de 'shôen', embora tivessem como seu proprietário legal o governo central. Isto foi mais um exemplo da deterioração do regime 'Ritsuryô', o governador da província não tinha mais o poder de chefe executivo, ficava então reduzido à condição de um simples administrador local de terras públicas chamadas 'kokugaryô' (domínios do governador), que assumiam características de 'shôen', quando o governador as administrava como se fossem suas próprias terras.
    Havia também os governadores que assumiam os cargos na capital, mas não se dirigiam à província. Aproveitavam para si as receitas provenientes de terras que pertenciam ao poder central. O trabalho efetivo de administrar o território da província ficava entregue à funcionários nascidos de famílias importantes ou nobres locais da cidade que , sem ter como progredir no centro (onde mandava de maneira absoluta o clã de Fujiwara), aceitaram cargos administrativos no interior.
    As funções desses substitutos dos governadores era substancialmente igual às dos administradores de 'shôen'. Seus cargos eram hereditários, e esses transformavam-se em proprietários das terras confiadas à sua administração e militarizavam-se. Com isso, então, acabam se tornando senhores autônomos que não mais obedeceram o poder central.
Características de um samurai:
    O samurai tinha como característica peculiar gritar o seu nome frente a um adversário e antes do início de uma luta, o samurai declamava em tom de desafio as seguintes palavras:
    "Sou Yoshikyo do clã Minamoto, neto de Tomokyo, antigo vice-governador da província de Musashi e filho de Yorikyo, que distinguiu-se em vários combates nos territórios setentrionais. Eu sou de pequeno mérito pessoal, não me importa sair vivo ou morto deste embate . Assim desafio um de vocês para testar o poder de minha espada".
    Estes pronunciamentos, deixando de lado seu tom estereotipado, de fanfarronice e falsa modéstia constituíam boa prova do bravo orgulho do samurai pela sua linhagem e 'background' familiar. "Na verdade o samurai lutava mais pela sua família e sua perpetuação do que por ele próprio".
    O samurai estava pronto para morrer na batalha se necessário , na certeza de que sua família se beneficiaria das recompensas resultantes do seu sacrifício. Mesmo no início dos tempos o código de conduta do samurai parecia exagerar o sentido do orgulho pessoal e de 'memboku' ou 'mentsu' ("face", traduzido do japonês , que significa honra , dignidade), que muitas vezes manifestava-se em atitudes de arrogância exagerada ou fanfarronice, por parte de um samurai.
    Tal comportamento era considerado natural e até psicologicamente necessário à atitude e ideologia do guerreiro. Mas, com tudo, o exagerado orgulho do samurai, não raro, fazia-o agir de maneira totalmente irracional. Um típico exemplo dessa atitude ocorreu na Guerra dos Três Anos Posteriores: numa das batalhas, um jovem de nome Kagemasa de apenas 16 anos de idade, recebeu uma flechada no olho esquerdo, com a flecha ainda cravada vista avançou sobre o inimigo e matou-o.
    Um companheiro de batalha chamado Tametsugu, tentou ajudá-lo; para retirar a flecha colocou a sandália do pé no rosto do jovem samurai caído. Indignadíssimo, Kagemasa ergueu-se e declarou que embora como samurai estivesse preparado para morrer com uma flechada, nunca enquanto vivo , permitiria que um homem pusesse o pé na sua cara. E depois de proclamar essas palavras quase matou o bem intencionado Tametsugu.
Harikari:
    Um aspecto do código do samurai, que fascinava e intrigava o estrangeiro, consistia na obrigação e dever que um samurai tinha de praticar o 'harakiri' ou 'sepukku' (evisceração), em determinadas circunstâncias.
    De acordo com alguns registros o primeiro samurai a praticar o 'harakiri' teria sido Tametomo Minamoto em 1170 d.C., após perder uma batalha no leste. Samurai lendário pertencente ao clã Minamoto, Tametomo era conhecido por sua descomunal força e valor individual nos combates.
    Participou das famosas lutas do incidente (na prática, golpe de estado) de Hogen (1156 d.C.) , quando membros das famílias Taira e Minamoto misturaram-se com partidários da nobreza em luta na capital Heian. No incidente de Hogen evidenciou-se que o poder efetivo, já estava nas mãos poderosas dos samurais e não nas fracas mãos dos aristocratas da corte.
    Nesse incidente houve apenas uma luta entre os partidários do imperador Goshirakawa e do ex-imperador Sutoku, e apenas nesse combate travado nas ruas de Heian, os partidários do 'tennô' venceram as forças do 'in' ( ex-imperador).
    Existe uma outra versão segundo a qual Tametomo teria ido até as ilhas 'Ryukyu' em Okinawa, no extremo sul do arquipélago, onde, desposando a filha de um chefe local, fundou uma dinastia. Mas, a morte de Tametomo provavelmente ocorreu em 1170 d.C. , após uma derrota ; realizou-se então o 'sepukku', sendo assim efetuado o primeiro 'harakiri' registrado na história dos samurais. Vários motivos podem levar um samurai a cometer o 'harakiri': 01- A fim de admoestar seu senhor. 02- Por ato considerado indigno ou criminoso, ao exemplo, uma traição. 03- Evitar a captura em campos de batalha, já que para um samurai constitui uma imensa desonra ficar prisioneiro do inimigo e também porque é considerado uma política errada; os prisioneiros na maioria das vezes são maltratados e torturados.
    O samurai tem grande desprezo por aquele que rende-se ao adversário. Por isso o código (não escrito) de honra de um samurai exige que ele se mate antes de cair prisioneiro em mãos inimigas.
    Como leal servidor, o samurai sente-se na responsabilidade de chamar a atenção de seu amo pelas faltas e erros por ele apresentados. Se por fim, o samurai falhar (o conselho franco ou pedido direto), o samurai-vassalo recorre ao extremo meio de sacrificar sua vida, a fim de fazer seu senhor voltar ao bom caminho.
Dentre muitos exemplos históricos, existe o de um samurai subordinado que imolou-se para chamar a atenção de seu suserano; isso aconteceu na vida de Nobunaga Oda, um dos mais brilhantes generais da época das guerras feudo nipônicas.
    Nobunaga Oda era violento e indisciplinado quando jovem, ninguém conseguia corrigi-lo. Um samurai-vassalo, que servia à família Oda por muito tempo, praticou o 'sepukku' de advertência. Conta-se que, diante desse incrível sacrifício do devotado servidor, Nobunaga mudou de conduta, assumindo responsabilidades de chefe do clã e marchando para sucessivas vitórias.
Criança samurai:
    Os filhos de samurais recebiam desde cedo uma educação apropriada à classe guerreira, que resumia-se em duas ordens de aprendizado: 01- Escrita chinesa e conhecimentos de clássicos japoneses e chineses. 02- Manejo de armas a partir dos 5 anos de idade; aprendendo a lidar com pequenos arcos e flechas, feitos a partir de finos pedaços de bambu, atirando contra alvos ou caças como veados e lebres, tudo sob orientação paterna. Treinavam também equitação, indispensável para um bom guerreiro.
    O samurai considerava como ponto de honra e regra geral, ele próprio educar os filhos (com a indispensável cooperação da esposa), empenhando-se no sentido de incluir nas suas almas os princípios de piedade filial, lealdade e devoção ao senhor, coragem e autodisciplina que os tornassem, por sua vez samurais dignos de levar o nome.
    A criança ingressava com a idade de 10 anos num mosteiro budista, onde permanecia durante 4 ou 5 anos, recebendo uma educação rigorosa e intensiva.
    De manhã, lia-se o sutra e depois treinava-se caligrafia até o meio-dia. Após o almoço, o aluno ia às aulas de matérias gerais, seguidas de exercícios físicos. E finalmente, a noite normalmente era reservada para a poesia e música, os samurais apreciavam em particular a shakuhachi ou fue (flauta de bambu), como instrumento masculino.
Casamento samurai:
    Como regra geral o casamento era arranjado pelos pais, com o consentimento silencioso dos jovens. Mas, também não se descartava a hipótese dos próprios jovens arrumarem seus pretendentes. Na maioria dos casos segundo os velhos costumes, as preliminares eram confiadas a um (uma) intermediário(a).
    Nas famílias dos samurais, a monogamia tornou-se regra, mas no caso de esterilidade da mulher, o marido tinha o direito de possuir uma "segunda esposa" (como na aristocracia), pertencente à mesma classe ou de casta inferior.
    Mas depois no século XV, esse costume acabou-se, no caso do casal não ter filhos e assim sendo não possuir herdeiros, recorria-se ao processo de 'yôshi' (adoção) de um parente ou de um genro.
    Como norma geral o casamento constituía assunto estritamente familiar e se realizava dentro dos limites de uma mesma classe.
    Com tudo, os interesses políticos às vezes rompiam as barreiras dos laços familiares, transformando o matrimônio em assunto de estado.
    Na aristocracia existiu um famoso ocorrido, o caso da família Fujiwara que a fim de manter a hegemonia da família nas altas posições junto à corte: casou suas filhas com herdeiros do trono e outros membros da família imperial.
    De modo semelhante, chefes de clãs samurais promoviam políticas de alianças por meio de casamento, dando suas filhas em matrimônio a senhores vizinhos ou outras pessoas influentes.
A esposa de um samurai:
    Na classe samurai, mesmo não tendo uma autoridade absoluta, a mulher ocupava uma posição importante na família. Quase sempre dispunha de um controle total das finanças familiares, comandando os criados e cuidando da educação dos filhos e filhas (sob orientação do marido).
    Comandavam também a cozinha e a costura de todos os membros da família. Tinham a importante missão de incutir na mente das crianças (meninos e meninas), os ideais da classe samurai que eram: não ter medo diante da morte; piedade filial; obediência e lealdade absoluta ao senhor; e também os princípios fundamentais do budismo e confucionismo.
    Com todas essas responsabilidades, a vida de esposa de um samurai não era nada invejável. Com muita freqüência, o samurai estava ausente prestando serviço militar ao seu senhor; e em tempo de guerra o samurai às vezes era forçado a defender seu lar, pois conforme os reveses da batalha poderiam virar alvo de ataques inimigos.
    Nessas ocasiões de perigo para a família, não era difícil a mulher combater ao lado do marido, usando de preferência a 'narigada' (alabarda), arma que aprendiam a manejar desde cedo.
    Mesmo não tendo o refinamento das damas da nobreza, pela qual os samurais nutriam certo desprezo, a mulher samurai possuía conhecimentos dos clássicos chineses e sabia compor versos na língua de Yamato, ou seja, no japonês puro, usando 'kana'.
    As crônicas de guerra, como o 'Azuma Kagami', contam-nos que esposas de samurais lutavam na defesa de seus lares, empunhando alabarda, atirando com arco ou até acompanhando seus maridos nos campos de batalha. Essas mulheres demonstravam muita coragem ao enfrentarem o perigo sem medo.
    Sem perder a feminilidade essas esposas, cuidavam de sua aparência vestiam-se com esmero; gostavam de manter a pele clara, usando batom e pintando os dentes de preto (tingir os dentes de preto era hábito de toda mulher casada), arrancavam a sobrancelha e cuidavam com muito carinho dos longos cabelos escuros.
Justiça samurai:
    Todo homem e toda mulher eram considerados responsáveis pelos seus atos, primeiramente em relação à sua família. Um chefe de família tinha o direito de impor castigo sobre sua família e servidores, não podendo, contudo aplicá-lo em público.
    O samurai obedecia na aplicação da justiça aos preceitos estabelecidos pelo Kamakura Bakufu, sobretudo contidos no Joei Shikimoku e no Einin-Tokusei-rei (1297 d.C.), ou seja, a lei da Benevolência ou ato de Graça da Era Einin.
    Quando um samurai cometia um grave delito no início dos tempos do regime feudal, não havia pena de morte, então o samurai cometia voluntariamente o 'sepukku'; mas já no século XVII, formalizou-se a pena de morte por meio do 'harakiri'.
    Após essas épocas o samurai era geralmente punido por meio do exílio a uma província longínqua, o que equivalia a transferir seus direitos e propriedades a um herdeiro. Ou ainda confiscar a metade de suas terras, ou bani-lo para fora de seu domínio, isso no caso de adultério. Os samurais não tinham direito de apelação, dependendo do julgamento e pena a que fossem submetidos.
A alimentação de um samurai:
    No início do período Kamakura, os samurais, tanto de alta como de baixa categoria, constituíam uma classe humilde que geralmente não conheciam os bons hábitos e maneiras refinadas da corte. Os samurais alimentavam-se da mesma maneira que os lavradores e estavam acostumados a uma vida vegetariana, espartana.
    Alguns episódios, referentes a refeições de samurais da época, são bastante convincentes ao retratar a frugalidade dos seus hábitos alimentícios; conta-se por exemplo, que num banquete de ano novo oferecido pelo importante membro da família Chiba, ao 'shogun' Yorimoto Minamoto, do clã dos Minamoto, o cardápio consistia apenas em um prato de arroz cozido acompanhado de saquê.
    Essa pobreza, aos poucos vai mudando e com o passar dos tempos à vida de um samurai vai ficando mais confortável. Contudo era muito raro, os samurais comerem arroz polido, que era reservado apenas para os dias de festa. Os samurais mais pobres não conseguiam ter o arroz à mesa todos os dias, tal como a maioria dos camponeses.
    Viviam principalmente de cevada, painço comum (milho miúdo) ou vermelho, e às vezes de uma mistura de arroz e cevada. A partir de 1382, após um longo período de estiagem, a fim de substituir outros cereais, os samurais começaram a desenvolver o cultivo da soba (trigo sarraceno) que então passou a suplementar o painço e a cevada na dieta da população mais pobre.
    Os samurais também caçavam e conservavam a carne da caça para o alimento: salgando-a ou secando-a, para sua melhor conservação.
    Animais como o urso, 'tanuki' (texugo japonês), veado, lebre, etc, forneciam proteínas aos samurais, que comiam ainda diversos legumes e cogumelos. gostavam de mochi (bolo de arroz), sembei (bolacha de arroz), yakimochi (mochi assado), chimaki (bolinho de arroz enrolado em folha de bambu), etc. Peixes de água salgada ou doce, algas, frutos do mar, entravam igualmente no cardápio dos samurais.
    Até os tempos de Kamakura, a alimentação do samurai em batalha apresentava-se menos variada. A única recompensa por ele recebida, era o arroz e o principal problema consistia em como cozinhar o cereal, pois, o arroz cozido deteriorava-se rapidamente, principalmente no verão, o fato é que os samurais não levavam panela para a guerra.
    Um dos meios mais simples de cozinhar arroz consistia em embrulhar os grãos num pano após lavados em água corrente e enterra-los no chão. Sobre o mesmo chão acendia-se uma fogueira ou em último caso, o guerreiro comia o arroz cru; muitas vezes o samurai assava o arroz embrulhando-o em folhas ou tubos de bambu.
    O alimento dos exércitos de samurais, em épocas mais recentes consistia normalmente de arroz cozido numa panela, bonito, seco e rapado, várias espécies de peixe seco e salgado, alga marinha e às vezes legumes secos, miso (pasta salgada de feijão), 'umeboshi' (ameixa posta em salmoura e seca), era muito apreciada pelos guerreiros, principalmente no verão, porque fornecia sal e possuía algum valor terapêutico.
    Do século XIV em diante, o arroz tornou-se o principal alimento dos samurais e lavradores e se reconheceu que a dieta diária de um homem deveria ter cinco 'gô' (cerca de 900 gramas) desse cereal descascado.

Polícia Japonesa 
Os homens da lei no Japão! 
Diferente do que vemos em muitos desenhos japoneses, o Japão é considerado o país mais seguro do mundo, com um dos índices de criminalidade mais baixo do mundo. Andando pela cidade é possível encontrar muitos postos da polícia, que mais parece uma cabine telefônica. Quem assiste aos animês e que observa com atenção o cenário, com certeza deve ter percebido; agora quem é fã de Live Action deve ter notado, em muitos capítulos, aquele policial perdido que sai de sua cabine todo desesperado para enfrentar um monstro estranho, sem qualquer tipo de arma.

Estes policiais que ficam nas cabines, são chamados pelos moradores da região de Omawarissan, uma maneira carinhosa de se chamar um policial. A função destes policiais não é só defender a população contra o crime, mas ajudar da maneira que puder, dando informações sobre a localização de alguma loja, auxiliando crianças e idosos a atravessar a rua ou simplesmente ajudando na recuperação de objetos perdidos.

Normalmente nas grandes cidades japonesas os policiais não usam viaturas, e sim simples bicicletas ou motos, o que possibilita que o policial chegue ao seu destino mais rapidamente, não perdendo tempo no trânsito. Essa iniciativa japonesa tem tudo para dar certo aqui no Brasil e já começou o treinamento e funcionamento de tropas de polícia especiais que vão andar exclusivamente de bicicleta.

Outra curiosidade sobre o policial japonês é que ele não usa nenhum tipo de arma de fogo, mas sim um par de tonfas, um tipo de cacetete, que é muito útil na defesa pessoal e na imobilização de algum indivíduo perigoso. A tonfa é inclusive considerado uma arma em muitos estilos de artes marciais, inclusive uma arma ninja.



Religião 
Os cultos religiosos no Japão
Xintoísmo:    O xintoísmo tem sua origem em antigas tradições nativas. Pode ser definido como um aglomerado de culto à natureza, culto tribal, culto a herói e veneração ao imperador.. Um templo xintoísta comum de domicílio de uma divindade guardiã ou tutelar de aldeia, cidade ou prefeitura. Acredita-se que o grande Templo de Ise (Ise Jingu), onde se cultua Amaterasu Omikami ou a Deusa Sol-fundadora da Casa Imperial, protege a nação japonesa como o faz um grande número de templos com vínculos com um determinado imperador.
    O mito da origem da nação relata que, em tempos pré-históricos, o governo Imperial tomou a força de uma teocracia. A crença de que o imperador era divino, foi mantida durante muitos séculos. Esta crença foi reforçada pelo governo Meiji que, em 1868, restaurou o poder do imperador, estabeleceu um departamento de assuntos de Templo e nacionalizou o xintoísmo de templo transformando-o no que veio a ser conhecido como xintoísmo de estado.
    Alguns defensores do xintoísmo, todavia, desejavam propagá-lo como religião e preferiram deixar de nacionalizar seus grupos. Subseqüentemente, o governo colocou-os no mesmo nível das outras religiões e classificou-os como xintoístas da seita. Treze dessas seitas eram reconhecidas ao fim do século XIX.
    A partir do fim da segunda grande guerra mundial, esta cifra tornou-se dez vezes maior em conseqüências de cisma e do aparecimento de novas seitas.

Budismo:

    O budismo chegou ao Japão procedente da Índia depois de ter passado pela China e Coréia, em 538 d.C. Ganhou o patrocínio imperial graças aos esforços do príncipe Shotoku, regente de 593 a 628 d.C. Sob sua liderança, o templo Horyuji foi construído como centro de saber. Subseqüentemente, as Seis Escolas do budismo acadêmico; Sanron, Hosso, Hojutsu, Kusha, Ritsu, Keron prosperaram em Nara e a Grande Estátua de Buda, em Nara, foi construída para simbolizar a autoridade do governo imperial.
    A chegada das seitas budistas Tendai e Shingon, no século IX, marcou a abertura de uma nova era. Estas seitas esotéricas serviram aos aristocratas da corte e contribuíram para o crescimento das belas artes. Elas também ajudaram a facilitar a fusão do budismo ao xintoísmo.
    O período Kamakura (1192-1333), uma era de austeridade e artes marciais, testemunhou a ascensão das seitas budistas da Terra Pura, Verdadeira Terra Pura, do Zen e do Nichiren. Ao contrário dos fundadores das seitas das eras anteriores, os fundadores das seitas Kamakura puseram mais ênfase na experiência que no saber. Estes homens e seus discípulos introduziram no budismo agricultores, pescadores, guerreiros, comerciantes e artesãos.
    Durante o período Tokugawa (1603-1867), os templos budistas foram utilizados como órgãos de registro nacional e o budismo perdeu muito de sua vitalidade em meio à segurança material que o controle governamental oferecia. No século que se seguiu à Restauração de Meiji, os líderes budistas, gradativamente, concientizaram-se de que os tradicionalmente aceitos textos chineses haviam transformado substancialmente os ensinamentos originais de Gautama, o que , por sua vez, estimulou a pesquisa no budismo original através de textos em sânscrito e pali. Este esforço, todavia, não conseguiu reformar o enraizado sectarismo.
    Com o fim da segunda grande Guerra Mundial, gradativamente surgiram poderosos movimentos inovadores. Ao contrário das organizações tradicionais, eles salientam o budismo dos leigos e exercem tanto atividades políticas como sociais. Exemplos típicos desses movimentos são Sokagakkai e a Rissho Kosei-kai.

Cristianismo:

    O cristianismo foi introduzido no Japão, pela primeira vez , em 1549, pelo missionário jesuíta, São Francisco Xavier. Era uma época de disputa e comoção internas e a nova religião foi bem recebida por aqueles que buscavam novos símbolos espirituais bem como por aqueles que esperavam entrar em contato com a cultura, as armas de fogo e o comércio do Ocidente. Todavia, com a unificação da nação no fim do século XVI, aqueles que asseguraram a hegemonia sobre a nação suprimiram todo o potencial de maior mudança e, suspeitando dos desígnios territoriais das nações ocidentais bem como temendo que o cristianismo tivesse um efeito desagregador sobre a ordem estabelecida, decidiram banir a nova religião.
    Na metade do século XIX o Japão foi forçado pelas potências Ocidentais a por fim ao seu autoimposto isolamento e a tolerar o cristianismo em nome da liberdade religiosa. Missionários católicos da França e missionários protestantes dos Estados Unidos trouxeram de volta às praias japonesas o Evangelho cristão.
    As igrejas de hoje não são desprovidas do sectarismo e do denominalismo de suas irmãs do Ocidente. Mas a unidade acima e além das fronteiras sectárias tem caracterizado as principais igrejas protestantes no Japão. Também, a ligação entre as igrejas protestantes e católicas há muito tempo tem sido mantida. As igrejas cristãs no Japão não são mais "igrejas de missionários" de vez que a maioria delas é auto-suficiente e desenvolveu características próprias.



Xintoísmo: Deuses para todas as ocasiões 


Até o final da Segunda Guerra Mundial, o xintoísmo era a religião estatal no Japão. Até mesmo nos dias de hoje, os peregrinos ainda freqüentam os 80 mil templos, orando pela realização dos seus sonhos pessoais. A religião, que não conta com textos sagrados, também venera as árvores, as montanhas e as pedras.

No princípio era o arco-íris. Segundo a narrativa xintoísta da criação, o casal divino - Izanagi e Izanami - sentou-se sobre o arco-íris e mexeu o oceano abaixo deles com uma lança ornada com pérolas. Quando eles retiraram a lança desta mistura primordial, gotas de água caíram sobre a Terra e criaram as ilhas do Japão.

O casal teve filhos, entre eles a deusa solar Amaterasu. De acordo com a lenda, a linhagem da família imperial japonesa pode ser traçada até essa deusa, fazendo do atual imperador do Japão, Akihito, um descendente direto da divindade. O seu pai, Hirohito (1901-1089), foi reverenciado como deus-imperador até o final da Segunda Guerra Mundial.

A gênese mítica do povo japonês vem sendo transmitida através das gerações em antigas narrativas, tendo sido preservada em papel pelos governantes do Japão do século oito quando o sistema chinês de escrita foi introduzido no país. Não obstante, o xintoísmo - que significa literalmente "o caminho dos deuses" - não conta com escrituras sagradas ou ensinamentos formais. Não existem os conceitos de pecado original ou salvação. O foco do xintoísmo é a vida na terra e a singularidade do povo japonês.

O Japão tem cerca de 80 mil templos xintoístas, incluindo o templo Hiraoka Hachimangu na antiga cidade imperial de Kyoto. A cada outono os seguidores comemoram o festival matsuri, em homenagem aos deuses. O nome é uma indicação do caráter oficial dos primeiros desses festivais - o termo japonês matsurigoto também denota assuntos governamentais. No passado, a classe política e o culto xintoísta japoneses estavam estreitamente entrelaçados, sendo que os anciões que chefiavam os clãs eram ao mesmo tempo sumo-sacerdotes a serviço das divindades.

O sacerdote Shusuke Sasaki (50) entra sozinho nos recônditos mais profundos do santuário. Na estrutura de madeira de cumeeira pontuda, os fiéis escutam o cântico monótono em japonês antigo, uma língua que atualmente pouquíssima gente entende. As entonações variam de um templo para outro. Mas, como as orações foram passadas de geração a geração, os monges falam exatamente como os seus ancestrais.

A compreensão dessas palavras não é algo crucial. No Japão os sacerdotes não pregam punições com fogo ou enxofre, e tampouco exigem que as congregações se arrependam por suas vidas de pecado. Os monges são simplesmente um meio para que se rogue benevolência aos deuses. Entre os deuses reverenciados - cada templo presta homenagem à sua própria divindade -, o monge Sasaki naturalmente inclui o tenno, o imperador. Mas ele também invoca os elementos naturais, tais como a camélia, que traz boa sorte. Assim como as religiões primitivas baseadas na natureza, o xintoísmo venera as árvores, os animais, as pedras e as montanhas - incluindo o Monte Fuji, o pico mais alto do Japão. O "caminho dos deuses" não conduz os japoneses para um mundo após a morte; em vez disso guia-os no decorrer das suas vidas na Terra. O objetivo é viver em harmonia com a natureza e limpar a alma com o auxílio da natureza. Por esse motivo, o ritual no templo Hiraoka Hachimangu lembra uma festa. O vinho sagrado de arroz flui e gargalhadas estrondosas ressoam. E ninguém se importa se o monge fumar entre uma cerimônia e outra.

O principal festival tem início depois que o sacerdote deixa o santuário. Se o tempo estiver bom, uma liteira ornamentada com ouro, a residência da divindade, é carregada para fora do templo. Em termos simbólicos, a divindade está se misturando com o povo. Neste ano, choveu. Mas isso não foi por si uma tragédia. Foi apenas o que a natureza sempre teve em mente. Os percussionistas simplesmente fizeram ressoar os seus tambores taiko com mais entusiasmo, lançando um ruidoso convite aos espíritos do bem.

A seguir foi a vez dos torneios de sumô, um evento que sempre agrada as multidões. As origens xintoístas do sumô ainda são visíveis em Tóquio, onde a principal arena possui um telhado como o de um templo. No templo Hiraoka Hachimangu, em Kyoto, jovens semi-nus lutam no ringue; um círculo de areia consagrado. Mas estas justas não são de fato competitivas. Os lutadores estão executando uma dança para os deuses.

Os festivais como o de Hiraoka Hachimangu ocorrem em todo o Japão. Os japoneses têm matsuris para todas as estações e ocasiões. Os festivais modelam as suas rotinas e estados de espírito. Durante essas comemorações, o país altamente urbanizado e repleto de sofisticada tecnologia redescobre as suas raízes antigas. A segunda maior nação industrial do mundo de repente volta a ser um conjunto vasto de comunidades de vilas ancoradas nos templos xintoístas.

O xintoísmo também é único de outras formas. Quando lhes perguntam que religião professam, poucos japoneses se arriscam a afirmar que são exclusivamente xintoístas. Para a maioria deles, "o caminho dos deuses" é uma tradição, e não uma fé. Eles mantém essa tradição apaixonadamente, mas não sentem necessidade de transformá-la em uma religião. Os pais xintoístas levam os filhos a um templo e oram pela boa saúde das crianças: os filhos aos cinco anos, e as filhas aos três e aos sete.

E os mesmos japoneses que mantêm as tradições xintoístas tão fervorosamente são capazes de se casar em uma cerimônia cristã ou de enterrar os seus mortos de acordo com os rituais budistas. Como os japoneses professam várias religiões ao mesmo tempo, o número de fiéis supera a população total em termos estatísticos.

Esse pragmatismo histórico possui raízes históricas. Assim que o budismo migrou para o Japão, vindo da China e da Coréia no século seis, ambas as tradições coexistiam lado a lado. Pequenos santuários xintoístas ainda podem ser encontrados hoje em dia ao lado dos templos budistas. Durante certos períodos os governantes japoneses fizeram do budismo a religião estatal, especialmente no século seis, quando o Japão reorganizou o seu governo e a sua administração segundo o modelo chinês.

Além do budismo, a nação foi influenciada por uma outra religião chinesa, o confucionismo. Os xoguns, os líderes militares do Japão, baseavam o seu poder nos tradicionais valores confucianos da lealdade e da obediência. Eles chegaram ao poder em Edo, a atual Tóquio, no século 17. O imperador morava na remota cidade de Kyoto. O se papel se limitava a confirmar o novo líder.

Em meados do século 19, o Japão abriu-se para o Ocidente, e o xintoísmo foi transformado em um culto nacional. Durante a Restauração Meiji, de 1868, guerreiros defensores de reformas derrubaram o xogun e colocaram no poder o deus-imperador Meiji (1852-1912) na sua posição legal de soberano. Eles introduziram métodos ocidentais que modernizaram o país. Mas esses indivíduos utilizaram os mitos xintoístas para consolidar o regime imperial.

Durante um curto período, o budismo foi considerado um "produto importado", sendo, conseqüentemente, reprimido. O novo governo colocou os templos xintoístas sob a supervisão do Estado e transformou os sacerdotes em funcionários públicos. Os japoneses tinham que prestar homenagem ao imperador divino, e não a conjuntos de divindades locais, Na escola, as crianças oravam para o retrato do tenno. E nas guerras subseqüentes, os heróicos soldados imperiais encararam a morte gritando "Tenno banzai" - "10 mil vidas para o tenno".

Em 1869, o exército e a marinha japoneses construíram o templo Yasukuni, em Tóquio. Nesse santuário os guerreiros são reverenciados como divindades xintoístas que sacrificaram as suas vidas pelo tenno. Um portão imponente, construído em aço, em vez de em madeira tradicional, domina a entrada - simbolizando a perversão do suave "caminho dos deus", que tornou-se uma ideologia marcial durante o período Meiji.

Depois da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, o templo Yasukuni foi transformado em uma instituição religiosa privada. Mas ele preservou o seu caráter militar: apesar de terem sido executados em 1948, os criminosos de guerra do Japão são reverenciados como deuses xintoístas. Os políticos, incluindo até mesmo o primeiro-ministro Junichiro Koizumi, fazem peregrinações até o templo, gerando protestos dos vizinhos do Japão.

A capitulação após a Segunda Guerra Mundial também marcou o fim de uma era para a monarquia japonesa. Sob pressão do vitorioso Estados Unidos, o imperador Hirohito renunciou explicitamente à sua divindade em 1946. A constituição de pós-guerra - que foi de fato ditada pelos ocupantes norte-americanos - mantém a separação entre religião e Estado. Oficialmente o imperador é visto como um símbolo tanto do Estado quando da unidade do povo japonês.

No seu palácio em Tóquio, o tenno ainda atua como o mais graduado sacerdote xintoísta do Japão. De acordo com a tradição, ele planta arroz no jardim do seu palácio e manda regularmente enviados para os maiores templos do país.

Como parte da insígnia imperial - composta do espelho, da espada e das jóias sagrados -, o espelho fica no templo Ise, na municipalidade de Mie. O templo é dedicado à deusa solar. Um membro da família imperial atua como sumo-sacerdote. Os primeiros-ministros japoneses tradicionalmente visitam esse santuário xintoísta no início do ano.

O tenno reafirmou a sua linhagem a partir da deusa solar na sua coroação em 1990, embora o papel que desempenhou no ritual não tenha sido exibido publicamente. O imperador passou várias horas sozinho dentro de dois salões de madeira especialmente construídos, oferecendo vinho de arroz e pratos santificados ao seu ancestral primordial. Cada salão é dotado de uma cama, na qual - segundo a tradição - o tenno se relaciona com a divindade solar, e renasce nesse processo.

Se os patriotas que lideram o governista Partido Liberal-Democrata tiverem a supremacia, o xintoísmo será ainda mais fortemente privilegiado a fim de conter o declínio da moralidade tradicional na moderna sociedade japonesa.

"O Japão é um país de deuses, que tem o tenno no seu centro", declarou em 2000 o primeiro-ministro Yoshiro Mori. À época, o seu comentário gerou protestos. Mas, hoje em dia, os pedidos para que se incluam os mitos xintoístas nos textos escolares, promovendo dessa forma a lealdade nacional, têm obtido cada vez mais aprovação.

Apesar desse caráter nacionalista, para muitos japoneses o xintoísmo pouco tem a ver com política. Esses japoneses estão mais interessados em preservar as suas tradições. Durante os feriados do Ano Novo, milhões de pessoas de todas as idades visitam os templos xintoístas para pedir a proteção dos deuses. Os visitantes oram por por si próprios, por suas famílias e até mesmo pelas companhias para as quais trabalham. Um grupo inteiro de trabalhadores pode comparecer junto para orar por bons negócios e altos lucros. Em um ritual simples, eles balançam uma corda dotada de pequenos sinos e jogam as suas esmolas em uma caixa de madeira para oferendas.

Existem espíritos xintoístas para todos os desejos e males. Muito próximo da Bolsa de Valores de Tóquio, o tempo Kabuto atrai investidores e acionistas que oram pelos bons preços das ações. O templo Kitano Tenmangu, em Kyoto, é o preferido dos estudantes e seus parentes, que desejam boas notas e ingresso nas melhores universidades.

O templo Togo, em Tóquio, também é muito popular. O santuário, que atrai japoneses que buscam alívio para todos os tipos de problemas, fica no meio do distrito da moda, o Harakaju, freqüentado pela juventude da cidade.

Muitos jovens pintam o cabelo de amarelo brilhante ou de vermelho radiante, e usam roupas bizarras, como se fossem pessoas que vão a uma festa de Halloween. Poucos parecem dar a mínima para a tradição. O patrono do templo é Heihachiro Togo (1847-1934), um almirante lendário que comandou a marinha imperial no Estreito de Tsushima, em 1905, onde destruiu a frota russa do báltico e acabou de fato com o império tzarista.

Os jovens japoneses em Harajuku pouco sabem sobre a História, e tampouco se preocupam com ela. Mas eles ainda freqüentam o temploem multidões. Para eles, Togo é um ancestral que virou deus e que fará com que os seus sonhos mais seculares, na verdade até carnais, se tornem realidade. Assim sendo eles compram pequenas tábuas de oração que trazem a imagem do almirante barbudo, entalham os seus desejos nelas, e as penduram. Depois disso, postam-se de pé defronte ao templo, fazem duas mesuras, batem palmas duas vezes e fazem mais uma mesura. Eles estão seguindo o chamado da tradição, da mesma forma que gerações de japoneses fizeram antes deles.